MINHA MAIOR GAFE NO CAMINHO DE SANTIAGO

puente picudo

Quem nunca pagou um belo mico que atire a primeira pedra! O Caminho de Santiago, uma rota de peregrinação com gente de toda parte do mundo é um prato cheio pra passar vergonha, e eu obviamente não poderia deixar de viver essa experiência. Aqui nesse post vou contar finalmente qual foi a minha maior gafe no Caminho de Santiago.

Chegada a linda Estella

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O sol ainda brilhava no céu, quando cheguei ao albergue Los Amigos del Camino de Santiago, em Estella. Na sequência chegou um italiano falante, mancando com os pés cheios de bolhas, conversamos um pouco e na sequência o hospitaleiro informou que o meu quarto era o 2 e o dele o 1 . Subimos as escadas e cada um foi pro seu lado.

O meu quarto era grande e bem arejado, algumas peregrinas já estavam por lá conversando animadamente, cumprimentei todas e fui procurar uma cama perto da janela e com tomada. Um luxo que só quem chega cedo pode desfrutar. Descobri que lá no fundo do quarto havia um banheiro, e melhor, ainda estava vazio. Que benção! Estendi meu saco de dormir, para marcar a minha cama e fui direto pro banho.

E começa a minha maior gafe do Caminho de Santiago

Quando eu estava me deliciando com aquela ducha potente e quentinha, ouvi um gringo conversando com uma gringa dentro do banheiro. Percebi que o quarto já estava movimentado e que havia outras vozes masculinas. Mas afinal, qual o problema? Já escrevi um post explicando que muitos albergues têm quartos e banheiros mistos . Isso é perfeitamente normal. Só que a série de acontecimentos que antecederam a minha entrada ao banho, me levaram concluir que aquele quarto era apenas de mulheres, e como o espaço no chuveiro era minúsculo, eu não levei roupa! A minha ideia era sair de top (aqueles de ginástica) e calcinha (comportada, mas ainda assim, calcinha), e me trocar no quarto confortavelmente!!!

A coisa só piorava…

vergonha

Eu levei para o Caminho uma toalha maravilhosa de alta absorção e secagem rápida , que media exatamente 40 x 80 cm, menor que as toalhas de rosto aqui de casa. Ou seja, era fisicamente impossível sair com ela enrolada no corpo. Qualquer tentativa de escapar dali dignamente, utilizando aquela toalha mostrou-se impraticável. Eu poderia sair vestida com a roupa suja e suada, se eu tivesse entrado no banheiro com ela! 🙁

Fiquei uns 5 minutos tentando encontrar uma solução, esperando entrar alguém pra eu pedir que buscasse a minha mochila, mas curiosamente, NINGUÉM entrava ali, as conversas no quarto só aumentavam, eu começava a ficar com frio e desesperada.

Cansada de esperar e já batendo os dentes de frio (literalmente), decidi que a melhor alternativa era sair dali da forma mais natural possível. Enrolei a toalha no cabelo e saí do banheiro de calcinha e top. Atravessei o quarto e fui de cabeça erguida até o meu beliche. Chegando lá, a cama de cima já estava ocupada por um alemão. Quando me viu, ele falou comigo naturalmente, como se tivesse me encontrado no restaurante: “Oi Denise, como foi o seu Caminho hoje?” Respondi com a mesma naturalidade, enquanto me vestia e ao mesmo tempo “escaneava” o quarto discretamente. E para a minha surpresa, não tinha nenhum olhar de estranhamento, ninguém me julgando, nenhum engraçadinho fazendo fio-fio. TUDO ABSOLUTAMENTE NORMAL.

via GIPHY

Depois desse acontecimento, percebi que lá no Caminho se você não invadir o espaço do outro, ninguém liga a mínima para o que você está fazendo. Se do nada você começar a chorar, falar sozinho, ou andar de calcinha pelo quarto, nenhuma pessoa vai te julgar.  Por outro lado, caso esteja com alguma dificuldade, machucado, com dor, não faltarão bons samaritanos pra te ajudar. Ali, pessoas de toda parte do mundo, com hábitos e culturas completamente diferentes, convivem harmonicamente. Seria fantástico se conseguíssemos viver sempre assim, não é mesmo?

A maior gafe do Caminho de Santiago, enfim assimilada

Fisterre
Fisterra

Quando cheguei a Fisterra, decidi que queria fazer todos os rituais, embora tenha me recusado a devolver a concha ao mar. Parte dessas tradições pedem que a pessoa se purifique para a nova fase, mergulhando no mar, simbolizando o renascimento. Embora estivesse uns 8 graus, eu não tive dúvida, tirei a roupa e me joguei no mar, novamente de top e calcinha, mas dessa vez só tinha um senhor sentado em um banco, me olhado incrédulo!

 

missao cumprida
Missão cumprida!

Quando saí da água, utilizei a minha capa de chuva como cabana e me troquei ali mesmo na praia. Assim que coloquei a mochila nas costas pra continuar a caminhada até o farol, o senhor me olhou espantado e perguntou: “Filha, por que você fez isso?”, respondi “Porque tive vontade”. 😊

Agora que já escrevi tudo, confesso que estou um pouco arrependida de compartilhar a minha maior gafe no Caminho de Santiago… Mas já foi! Se quiser saber um pouco mais sobre os meus “deslizes” no Caminho, sugiro o post que escrevi sobre o que aconteceu antes da minha chegada ao albergue de Estella.

Mas se você está se preparando para fazer essa jornada, conheça o Manual Peregrino para o Caminho de Santiago, um combo de materiais, composto por e-book, videoaulas e mais 3 bônus especiais, desenvolvido por mim com o maior carinho.

Ultreya, suseya y buen camino.

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