OS MILAGRES DO CEBREIRO

Fazia frio e chovia muito naquele inverno do ano de 1300, e para piorar, o vento penetrava à pele como agulhas, mas mesmo assim o pobre camponês Juan Santin, saiu da pequena aldeia de Barxamaior e subiu a montanha, caminhando algo em torno de 2,5 km até a igreja de Santa María La Real no Cebreiro, apenas para assistir à missa.

Foi uma enorme surpresa para o padre daquela paróquia, quando entrou na igreja e viu que havia um fiel, Juan Santin, ele estava seguro de que ninguém se arriscaria a enfrentar àquela tormenta apenas para assistir à missa. Ele pensou admirado: “Esse pobre homem cansado, saiu de sua casa embaixo de tempestade e frio, apenas para ver um pouco de pão e vinho! Não vale a pena!“.

E Deus, para punir a falta de fé do sacerdote, transformou a hóstia e o vinho em carne e sangue. Tornando, o cálice e a patena do milagre, conhecidos como o Santo Graal da Galícia.

O cálice e a patena do milagre do Cebreiro
O cálice e a patena do milagre

O milagre da imagem de Santa María la Real

Dentro dessa mesma igreja, à direita do altar maior, fica a Capela do Santo Milagre, onde se encontra a imagem da Virgem dos Remédios, com a cabeça levemente inclinada. A lenda diz que a imagem inclinou a cabeça para poder ver o milagre eucarístico que contei acima.

E os milagres não pararam…

Igreja Santa María a Real do Cebreiro
Igreja Santa María a Real do Cebreiro

Dizem que em 1486, quando os reis Católicos, Izabel e Fernando foram a Santiago, na volta passaram pelo O Cebreiro. A rainha que sempre foi muito devota quis levar o cálice do milagre embora, mas quando a carruagem real chegou em Pereje, um pouco depois do Cebreiro, os cavalos pararam e ninguém conseguiu fazer com eles se movessem. A rainha Izabel então, percebeu que esse era um sinal de que ela estava cometendo um terrível pecado, e ordenou ao cocheiro que retornasse para a Igreja do Cebreiro. Os cavalos obedeceram à ordem amavelmente. A rainha, então, devolveu o cálice e a patena, e doou uma redoma de cristal para conservar as relíquias. Quando foram embora, passaram novamente por Pereje, só que dessa vez, não tiveram nenhum problema com os cavalos.

 

Origem Celta

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A origem dessa região começou com os Celtas que deixaram como herança suas pallozas, construções circulares, feitas com pedra e teto de palha, a inclinação dessas casas são perfeitas para suportar o peso da neve e os fortes ventos da montanha, afinal, O Cebreiro está a 1.300m de altitude. Uma parte dessas pallozas foram conservadas, o que faz do O Cebreiro, um vilarejo ímpar no Caminho de Santiago. Depois dos Celtas, já na época do império romano, parte do itinerário das calzadas romanas, que eram os caminhos de pedra que ligavam toda a Europa com intuito de facilitar o comércio e escoamento de suas produções, passavam por lá.

Guia C Primitivo

E na década de 70, o pároco do O Cebreiro, Elías Valiña, restaurou esse pequeno povoado, tão rico de história,  e criou o Museu Etnográfico. Nessa época, o Caminho de Santiago estava praticamente esquecido, foi aí que o padre Elias resolveu estudar os antigos documentos para saber qual seria o traçado original do Caminho, e teve a ideia de sinalizar toda a rota até Santiago, partindo da França, de acordo com suas descobertas. Ele foi o cara que inventou as setas amarelas, que pegou uma lata de tinta e saiu pintando setas por todo o Caminho. Portanto, é a ele que você tem que agradecer em suas orações, por conseguir chegar a Santiago sem se perder. Se quiser saber mais sobre essa história muito interessante, clique aqui.

É inacreditável, como um vilarejo tão pequeno pode guardar tantas lendas e história. Chegar lá não é nada fácil, é uma das etapas mais difíceis do caminho, mas quando você chegar, não deixe de visitar a igreja, o museu etnográfico e dar uma voltinha por lá, é um lugar bem pequeno, mesmo cansado, como eu sei que você estará, vai conseguir ver tudo, além de poder apreciar a bela vista que se tem lá do alto do Cebreiro.

O Caminho guarda muitas outras preciosidades em forma de pequenos vilarejos, como é o caso de Burguete, Castrillo de los Polvazares , Hospital de Órbigo, Villamayor de Monjardín e muitos outos.  🙂

Ultreya, suseya y buen camino.

SE TIVER PIQUE, VISITE:

Museu Etnográfico do Cebreiro: com mobiliário e utensílios domésticos antigos, onde é possível entender como viviam os povos antigos nessa região tão hostil. Entrada gratuita.

Igreja Santa María La Real del Cebreiro: Em estilo pré-românico do século IX, tem esse nome por ser declarado santuário de proteção real, sendo favorecido com privilégios reais. Lá estão expostos o cálice e a patena do milagre, o relicário doado pelos reis católicos, o sepulcro dos protagonistas do milagre e o túmulo do padre Elías Valiña.

SE TIVER FOME, COMA:

Queijo do Cebreiro: Delicioso e cremoso, perfeito quando servido com mel. Fico com água na boca só de lembrar.

Caldo Galego: Uma sopa feita de couve, batata e ervilhas. Originalmente, vai carne de porco, mas alguns restaurantes não colocam, se tornando uma ótima opção para os vegetarianos.

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6 Replies to “OS MILAGRES DO CEBREIRO”

  1. vc escreve com sentimento…bacana

    1. Denise Santos says: Responder

      Oi Socorro. Que bom que gostou. Muito obrigada.
      🙂

  2. Denise vc relata de uma forma que nos faz sentir lá….. Bjsss

    1. Denise Santos says: Responder

      Que bom.
      Bj minha querida.

      1. passei por lá em junho de 17 , pretendo voltar em 2020 se Deus quiser e ele quer e eu mereço .

        1. Denise Santos says: Responder

          Ele quer sim Gilvan.
          🙂

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