SANTO DOMINGO DE LA CALZADA, O GALO E A GALINHA

No século XI, próximo ao local onde hoje fica Santo Domingo de la Calzada, existia apenas um bosque atravessado por um rio que descia das montanhas, e foi lá que o ermitão Domingo García resolveu se instalar. Ele tinha um único objetivo:  ajudar os peregrinos que iam para Santiago a atravessar essas terras. E para isso ele não mediu esforços, construiu uma ponte de madeira sobre o rio Oja, levantou um hospital para atender os peregrinos, um templo religioso para oferecer também o alivio espiritual e restaurou as antigas calçadas romanas que atravessavam a região, daí o nome Santo Domingo de la Calzada.

Está simpática cidade, de apenas 6.401 habitantes ainda mantém sua origem medieval, é encantadora e bem preservada, um verdadeiro mergulho no túnel do tempo. O albergue de peregrinos Casa de la Confradía del Santo, foi fundado em 1106 pelo próprio Santo Domingo, a primeira sede ficava onde atualmente é o Parador Nacional de Turismo (Rede de hotéis luxuosos localizados em edifícios emblemáticos, selecionados pelo governo espanhol, devido aos seus interesses histórico, artístico ou cultural), até que em 1968 mudou para o prédio atual, que foi construído no século XVI, mas passou por uma reforma e agora é um dos melhores albergues do caminho, moderno, superconfortável, com grandes vestiários, cozinha bem equipada, enfim, tem até elevador!!!

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Santo Domingo, dedicou sua longa vida aos peregrinos, morreu em 1109 aos 90 anos, e foi em 1158 que começou a construção da catedral que iria guardar os seus restos mortais. A catedral tem um belo acervo de obras de arte, um passeio por lá é imperdível. O sepulcro de Santo Domingo de la Calzada, em estilos românico, gótico e gótico tardio, é magnifico, mas quase ninguém consegue prestar a devida atenção a ele, pois bem em sua frente está o galinheiro gótico do século XV com um galo e uma galinha. Sim, você leu certo, um GALINHEIRO!!!! E com galináceos vivos.

A Lenda do Galo e da Galinha

A primeira vez que ouvi essa história, imaginei que seria um galinheiro meio tosco em uma igrejinha empoeirada e bem simplesinha, por isso fiquei de queixo caído quando entrei nessa belíssima catedral e vi que não era um simples galinheiro, trata-se de uma obra de arte gótica! O tipo de coisa que só existe no Caminho de Santiago. Mas enfim, você deve estar querendo saber o porquê do galinheiro, certo? Então aí vai…

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Diz a lenda que um casal alemão e seu filho, estavam em peregrinação à Santiago, e resolveram parar para descansar na casa de um morador da região. A filha do dono da casa se apaixonou pelo rapaz, e não foi correspondida. Com raiva, a garota colocou um cálice de prata nas coisas do moço e o acusou de roubo. Ele foi preso, julgado e posteriormente enforcado. Depois desse infortúnio, seus pais continuaram o caminho até Compostela, e na volta quiseram parar no local onde o filho estava enforcado. Chegando lá, ouviram o rapaz dizer para pararem de chorar porque ele estava vivo. Quando a notícia chegou até o juiz da cidade, ele almoçava, e ao ouvir o relato, disse de forma zombeteira que o rapaz estava tão vivo quanto o galo e a galinha assados ali no prato. E nesse momento as aves ganharam vida e saíram voando da mesa. O juiz então, libertou o rapaz e levou para a igreja o galo e a galinha, como provas do milagre.

Santo Domingo e Barcelos

E para minha surpresa, esse não foi o único galo, que cantou após assado, para provar a inocência de um peregrino, lenda muito semelhante existe em Barcelos, Portugal. Sabe aquele galo colorido que todo turista compra quando vai a Portugal? Pois é, tem origem nessa lenda. Leia mais sobre isso aqui.

Ainda no campo das lendas, dizem que se o galo da catedral cantar no momento que o peregrino estiver por lá, significa que ele terá um bom caminho. Por isso, quando estive na catedral, eu tinha a maior esperança do bendito galo cantar, afinal o meu joelho estava me matando de dor, mas ele me deixou na mão, não deu nem um pio. Em compensação, lá mesmo em Santo Domingo de la Calzada, no albergue Casa de la Confradía del Santo, cruzou o meu caminho um anjo, chamado José Rafael, que literalmente tirou as minhas dores com as mãos, em apenas uma sessão de Reiki, possibilitando a minha chegada a Santiago. Esse anjo era hospitaleiro do albergue, se você estiver por lá e encontrar com ele, por favor dê um abraço carinhoso nele por mim. A minha gratidão por ele é tão grande, que vou contar essa história em outro post, (leia aqui) só para ele, afinal o José Rafael merece essa exclusividade.

Se você gosta de lendas, recomendo a história do próprio Santiago a de Santa Maria en la Cueva e muitas outras lendas interessantes que estão relatadas aqui no blog.

Ultreya, suseya y buen camino.

SE TIVER PIQUE, VISITE:

Catedral de Santo Domingo de la Calzada – Passeio imperdível, devido a toda história e lendas envolvidas, além da catedral, é possível visitar a exposição permanente das obras de arte e acessar a torre. Não deixe de apresentar a sua credencial, peregrino tem desconto.

Igreja do Monastério Cisterciense do século XVII – Lá também tem um albergue de peregrinos, fica no caminho, na Calle Mayor, antes de chegar ao albergue Casa de la Confradía del Santo.

Parador Nacional de Turismo – Atualmente é um luxuoso hotel, mas foi construído no século XII pelo próprio Santo Domingo para acolher os peregrinos.

Plaza de España – Fica atrás da catedral, é nesse local que está a prefeitura (Ayuntamiento em espanhol).

Ponte sobre o rio Oja: Você vai passar por ela na saída da cidade. Uma construção belíssima, com 148 metros e sustentada por 16 arcos, está no mesmo local onde originalmente o Santo Domingo construiu a primeira ponte de madeira.

SE TIVER FOME, COMA:

Os tradicionais pinchos acompanhados de um bom vinho riojano, sem dúvida a melhor pedida.

SE QUISER FESTA, APROVEITE:

Festa em Homenagem ao Santo: Entre 10 e 15 de maio, mas a partir do final de abril já começam os eventos que antecedem essas celebrações.

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