Quem passa pela pequeníssima Villamayor de Monjardín, enxerga de longe as ruínas do Castillo de San Esteban no alto do monte Monjadín, e mesmo sem fôlego devido a subida, percebe que está pisando em um solo cheio de história, mas o que a maioria não sabe, é que essa minúscula cidade foi palco de uma das muitas lendas do Caminho de Santiago que envolvem o apóstolo e o rei franco Carlos Magno, O Grande.
Carlos Magno era um rei muito católico, que desejava barrar a ascensão moura, por isso partiu para o território onde hoje fica a Espanha, com intuito de expulsá-los de lá. Diz a lenda que no ano de 778 d.C. Carlos Magno enfrentou as tropas navarras de Furro no território onde fica Villamayor de Monjardín. Determinado a poupar a vida de seus soldados, Carlos pediu para Santiago que indicasse quais dos seus homens iriam morrer na batalha. Em resposta, apareceu uma cruz vermelha nos escudos de 150 soldados. Com intuito de salvá-los, Carlos Magno ordenou que eles não fossem para a batalha, que ficassem todos em suas tendas.
A batalha transcorreu sem nenhuma baixa no lado de Carlos Magno, entretanto quando ele retornou ao acampamento, encontrou os 150 soldados mortos em suas tendas, sem ter participado de nenhuma batalha. Moral da história, quando chegar “a hora” não adianta querer dar um jeitinho, independentemente do relacionamento que a pessoa tenha com os santos de primeiro escalão, não terá jeito, melhor desapegar e partir.
Essa é uma das muitas lendas envolvendo Carlos Magno e Santiago, entretanto, Villamayor de Monjardín tem ainda mais história, a maioria está ligada ao Castillo de San Esteban que foi um grande símbolo da invasão moura na região, em 908 d.C. foi tomado pelo rey Sancho Garcés I, depois passou por vários donos, como o rei Sancho II, o monastério de Irache, e pôr fim ao Duque de Alba. Atualmente está em ruínas devido as guerras carlistas, mas ainda assim conserva uma certa imponência.
Quando passar por lá, visite a igreja românica de San Andrés Apóstol, constuída no século XII, ela é composta de apenas uma nave. Observe a porta com seus arcos e colunas decoradas, uma delas representa a batalha entre Carlos Magno e Furro.
Villamayor fica na etapa entre Estella e Los Arcos, poucos peregrinos dormem lá, mas se precisar existem dois albergues, se esse não for o seu caso, após conhecer a igreja, faça um lanche reforçado, abasteça a sua garrafa com água, e pé na estrada, pois ainda faltarão 12,4 km até Los Arcos, e não haverá locais no caminho para comprar mantimentos.
Aproveito pra recomendar a leitura da minha lenda preferida no Caminho de Santiago. Veja que linda.
Ultreya, suseya y buen camino.
SE TIVER PIQUE, VISITE:
Fuente de Los Moros – querendo ou não você vai passar por ela, fica mais ou menos a uns 300 metros antes de entrar em Villamayor de Monjardín. Em estilo românico tardio, essa cisterna foi construída por volta de 1.200.
Ruinas do Castillo de San Esteban de Deyo – também chamado de Castillo de Monjardín, data do século X. Dessa construção medieval sobrou apenas os muros de pedra, uma velha cisterna dentro de uma casa de teto arredondado, uma ermita e restos de uma torre. O Castillo permanece fechado, mas no site da cidade diz que quem quiser visitá-lo deve pedir as chaves no bar Ilarria. Prepare-se para encarar uma subida de 890m.
Iglesia de San Andrés Apóstol – fica no caminho, você não vai precisar se desviar para conhecê-la, como eu disse acima, foi construída no século XII, e entre os anos de 1973 – 1984 passou por um minucioso processo de restauração.
SE FOR AMANTE DE VINHO, CONHEÇA:
Vinhedos e Bodega Castillo de Monjardín – premiado com mais de 100 medalhas nos últimos 25 anos, essa vinícola tem também um restaurante, além de ser possível visitá-la.
SE QUISER SABER MAIS, ACESSE:
Site de Villa Mayor de Monjardin.
Vídeo de Villamayor de Monjardín, com fotos de E. Lópes Espelta
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