Em 1525 Portugal estava bem mais preocupado no comercio lucrativo com as Índias, ainda não tinha real conhecimento do potencial de suas terras recém descobertas no além mar. O Brasil era povoado por índios que viviam livres em paz em suas terras, e na pequena Burguete, alí em frente da igreja de San Nicolás de Bari cinco fogueiras queimavam supostas bruxas.
O que essas pessoas fizeram? Provavelmente coisas banais como a utilização de ervas com propriedades curativas, que aos olhos de mentes ignorantes e facilmente manipuláveis distorceram tudo e começaram a atribuir a elas todo tipo de desgraça, como má colheita, morte de crianças, tempestades, entre várias outras coisas. Essas supostas bruxas foram condenadas pelo inquisidor que ficou conhecido como “El Torquemada”, em um grande evento que arrastou gente de toda a redondeza para presenciar essa cena grotesca.
As visitas de Hemingway
Muito tempo depois, por volta de 1924, o escritor Ernest Hemingway elegeu a cidade para passar temporadas praticando fly fishing, uma modalidade de pescaria onde a pessoa fica com as pernas submersas. Hemingway encontrou em Burguete a paz e tranquilidade que ele buscava para descansar da festança de Sanfermin em Pamplona. Confesso que tenho dificuldade de imaginar esse escritor, famoso pelo espirito aventureiro e inquieto, passando temporada nesse pequeno povoado, que nasceu como uma aldeia de Roncesvalles, para dar suporte aos peregrinos que desde a idade média fazem o Caminho de Santiago. Fico me perguntando, o que Hemingway fazia nas noites calmas de Burguete?
Burguete que em basco se chama Auritz é minúscula, sobreviveu a inquisição, incêndio, batalhas, e hoje é um vilarejo simpático que parece ter saído de um livro de contos de fadas, com suas casas brancas cheias de janelinhas e floreiras.
Seu Antônio dos “besitos”
Pra mim, esse é o povoado onde vive o seu Antônio, o senhor espanhol, baixinho e gordinho, que encontrei na saída da cidade. Ele me pediu um “besito”, e deu dois, pediu pra eu tirar uma foto com ele de recordação, e mais um “besito”. Ah seu Antônio…danadinho!
Mais tarde conversando com outras peregrinas eu soube que ele fez a mesma coisa com elas, e o mais incrível é que o seu Antônio distribuiu “besitos” e tirou fotos com peregrinas que passaram por Burguete em dias diferentes do que eu passei, ou seja, esse é meio que o passatempo dele!
O seu Antônio é uma daquelas simpáticas figuras que fazem parte do Caminho de Santiago e que todo peregrino gostaria de encontrar, tirar fotos e porque não dar uns “besitos”?
Gostou desse post? Talvez se interesse em saber um pouco mais sobre a fonte do vinho, um local cheio de história onde me diverti muito com outros peregrinos.
Ultreya, suseya y buen camino.
SE TIVER PIQUE, VISITE:
Igreja de San Nicolás de Bari: Tem fachada renascentista de 1699, e o melhor, o Caminho passa bem em frente.
Ponte românica medieval: No final da cidade, essa sim, fica fora do caminho.
SE TIVER FOME, COMA:
Truta com presunto.
SE QUISER FESTA, APROVEITE:
Fogueiras de São João – noite de 23 para 24 de junho
Achou irônico? Eu também! A festa tem a tradicional dança Tribuli, além de ser costume pular a fogueira.
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Oi Denise! amando as informações, qual periodo vce fez?
Oi Isabel, fico feliz que esteja gostando, acabei de publicar um post novo.
Eu fiz no outono, comecei em 20/10/2015, cheguei em Santiago dia 22/11/2015, depois fui para Finisterre.
Bjs.
Denise
Estou adorando seu blog, planejando para 2017 ou 2018…, voce escreve muito bem. Vou aguardar novas noticias..
obrigada.
Quem sabe a gente não se encontra por lá, já estou querendo voltar.
Gostei do post 🙂
Obrigada